
A idéia de nacionalismo no Brasil ficou ainda mais de lado depois da morte de Glauber Rocha, grande defensor de nossas raízes culturais, que lutava pela valorização de nossa identidade terceiromundista.Com o crescimento da televisão e da rede de tv imperialista Rede Globo, as telenovelas acabam legitimando o padrão roliudiano, a beleza americana é transferida para a ensolarada zona sul carioca ao som de bossa nova. O american way of life é o sonho da dona de casa que assiste a um filme na sessão da tarde. As discussões acerca de nossa colonização cultural ficaram de lado, nosso povo terceiromundista aprendeu a olhar o mundo com os olhos de Roliude.
O cinema voltou a ser o que era na sua origem, uma atração de circo.
As pessoas penetram no escuro da sala de exibição e durante algumas horas permitem que toda a estética imperialista entre em suas vidas. As casas americanas com jardim na frente e cercas brancas, os homens e mulheres, ricos e lindos, dão lugar no imaginário coletivo aos casebres e palafitas que permeiam nossa realidade. As pessoas se alienam e sonham com uma realidade distante. Claro que o sonho é o único direito que não se pode proibir, esse é o papel da arte, mas é importante que esse sonho seja um sonho voltado para nossa realidade.
Como dizia Roland Barthes, a sétima arte exerce um poder hipnótico, as imagens que ficam na memória da massa, ilustram, iluminam, vestem e embalam nossas vidas.
O papel do cinema como de toda forma de arte é fazer com que fiquemos mais lúcidos diante do mundo.
Hoje nos deparamos, com um mercado cinematográfico totalmente americanizado, dominado por distribuidores e exibidores imperialistas.
Os cinemas multiplex que se estendem país afora, privilegiam a exibição dos blockbusters americanos.
Apesar de tudo, sempre existirá quem esteja disposto a “insultar os arrogantes e poderosos, quando ficam como cachorros dentro dágua no escuro do cinema" como disse Joaquim Pedro de Andrade.
Todo o discurso de Glauber Rocha e do movimento do Cinema Novo está em cada artista que faça uma arte que nos faça olhar para nós mesmos, para nossa realidade marcada pela tragédia da fome. Onde estiver um cineasta disposto a fazer um cinema preocupado com seu tempo, um cinema comprometido com a verdade ali estará um germe do cinema novo.
O cinema do futuro subverte todas as ordens, um cinema para se sentir e não para se compreender, exemplo de A idade da Terra a obra mais polêmica de Glauber Rocha, filme que rompe com o cinema narrativo e com a estética cinematográfica tradicional. Incompreendido, Glauber levou sua trip até as ultimas conseqüências nesse lindo espetáculo audiovisual, mural que mostra nosso terceiro mundo em uma explosão de gritos, poesia, cores, luzes e sons.

Um comentário:
Ol� rapaz!!!
que bom ter mais um lugar para passear aqui na net!!!
Gostei muito de tudo o que eu l� aqui...
Abra�o
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