
“O sertanejo é antes de tudo um forte” foi essa frase de Euclides da Cunha que ficou na minha cabeça hoje, vidas desgraçadas pelo latifúndio, o sofrimento de um povo que luta contra a tirania de grandes proprietários de terra, a desigualdade, a fome, a seca. Acabo de assistir na TV Cultura ao belo documentário de Eduardo Coutinho, “Cabra marcado para morrer”, filme que começou a ser produzido em 1962 e que só seria finalizado devido a repressão da ditadura, na década de 80.
Temas relacionados as lutas por terra, ainda são recorrentes nos telejornais, que mostram os trabalhadores rurais organizados como bandidos arruaceiros. O assassinato de um trabalhador rural que liderava uma Liga Camponesa no interior do Nordeste é o tema do filme. O que fica na minha mente quando sobem os créditos, é que a realidade brasileira no meio rural continua a mesma de 1962 pra cá. Ainda existe escravidão no latifúndio, a terra ainda não foi bem dividida. Narrado por Ferreira Gullar, no inicio do filme se ouve uma musica que diz “somos um país subdesenvolvido”, canção que embalava os estudantes da UNE nos Centros Populares de Cultura. Ai me veio à cabeça como a idéia dos CPCs era algo revolucionário, imagina a cultura genuinamente brasileira sendo levada ao povo por artistas, estudantes e intelectuais.
Achei muito interessante como o Eduardo Coutinho conduz o filme, a forma que entrevista as pessoas. Não tenho muitos conhecimentos em documentários, mas achei esse um belo filme que me fez parar pra pensar na dura situação do povo brasileiro.

Um comentário:
Nossa... Adoro Os Sertões... Uma das mais belas reportagens de todos os tempos! Triste é ver que, na mencionada situação, os problemas só mudam de lugar ou se transformam em outros...
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