sexta-feira, 8 de agosto de 2008


O cinema marginal tem me conquistado a cada dia, tenho assistido a belos filmes desse movimento e a cada momento e cada película assistida, me sinto mais impactado e mais envolvido com a força criativa de produções maravilhosas, ousadas, polemicas. Os filmes de Rogério Sganzerla, Maurice Capovila e principalmente do diretor José Mojica Marins. Há alguns meses estive em uma mostra dos primeiros filmes de Zé do Caixão, no Palácio das Artes em Belo Horizonte, com a presença desse diretor que se confunde com seu personagem, e que na minha opinião ao lado de Glauber Rocha pode ser considerado um dos grande representantes da luta quixotesca de se fazer cinema no Brasil. Em sua palestra pude conhecer um pouco desse diretor, que é de uma simplicidade e ao mesmo tempo de uma sofisticação impressionantes. Em uma época em que não vimos mais pessoas dispostas a lutar pelo cinema brasileiro, José Mojica se mostra ainda um apaixonado pela sétima arte, criado nos fundos de uma cinema, ele é um exemplo da decadência e da ingratidão deste país quanto aos seus grandes artistas, que se reflete quando são reconhecidos primeiro no exterior. Tido como marginal, maldito, primitivo, alguns filmes dele são verdadeiros exercícios de metalinguagem cinematográfica e ousadia estética. Escrevo este post totalmente bestializado depois de assistir “O despertar da besta”, filme revolucionário, em que ele trata de temas como taras sexuais, consumo de drogas, orgias, além de um rompimento com o cinema narrativo. Em uma época em que os projetos culturais se converteram em uma indústria, vimos porque às vezes caras como Zé não conseguem apoio, pois ele é de outra época, em que uma idéia valia mais do que um artifício.