sábado, 19 de julho de 2008


Sempre que volto do Rio de Janeiro, a impressão de subdesenvolvimento fica mais claro pra mim, toda a efervescência de gentes, de rostos, de pobreza e riqueza é de uma força que não tem como não me espantar. A impressão de que aquela cidade já foi linda e promissora é incontestável, falo do centro, Cinelãndia, Santa Teresa, Lapa, Largo da Carioca, Rua do Ouvidor, casarões decadentes que conservam uma elegância própria, imagem de uma época em que o país era promissor, mais com traços europeus. Meus pensamentos glauberianos me levam a refletir, pois ali em cada esquina, se vê um traço marcante de nosso ser, de nossa mistificação, imagens da sensualidade e da malandragem cariocas. É impressionante como o Rio possui uma aura marginal e decadente que contrasta com sua pitoresca beleza natural. Uma beleza que mascara a decadência de suas ruelas, por onde já passaram do “flanêur” João do Rio a rainha negra da boemia, Madame Satã. O Cine Pathé agora é Igreja Universal, traço do fanatismo protestante que prolifera a cada dia pela política carioca com Garotinhos, Rosinhas e Crivelas. Belos sobrados são hotéis para solteiros, que são alimentados pela prostituição cafajeste e barata onde as mulatas da Lapa se vendem em troco de dólares do gringo imperialista, é ali naqueles quartos com cheiro característico que eles literalmente botam no nosso rabo.